Às vezes acho que tudo isso foi um erro. Às vezes acho que isso tudo aqui não vale nada, sabia?
Mais uminha só, pra acabar de vez e eu ir embora e você fechar tudo. Mais uminha só.
Às vezes tenho uma sensação de, uma sensação estranha, um alheamento, acho que é isso, alheamento, a-lhe-a-men-to, assim, anote aí, que é uma palavra bonita, anote, alheamento. É como se meu coração batesse alheio ao meu sangue, como se meu corpo vivesse alheio à minha vida, como se meu espírito vivesse alheio à mim mesmo. Parece loucura, mas é verdade, não é loucura não. Não. É como se tudo existisse contra a minha vontade, isso se é que tudo existe, ou existe tudo, seja lá o que for tudo, seja lá o que existir, sei lá se é isso que bate, vive e dá saudades da minha mulher, ou a calça preta dela. Me pergunto se tudo não é apenas um erro qualquer, uma cagada. Eu é que não tenho certeza de nada, já pensou se nada for o mesmo que tudo?, que confusão que não ia ser.
A saídera, eu juro. A saídera, pra concluir o raciocínio.
Talvez tudo seja um erro, e tudo seja nada, e eu viva sem saber de nada, que é o mesmo que saber de tudo. Me dá mais um último traguinho que gostei das coisas que falei. Mereço mais um golinho, e me dá uma fichinha, que hoje foi dia de pagamento. Duzentos e cinqüenta mangote e sinto que to com a bola toda.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Trecho do meu conto chamado Alheamento
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Um comentário:
rsrsrsrsrsrs É bem nessas, Andrezão! Eu tbm, quando recebo os meus tostões, comemoro com um bom pileque e sinuca com os amigos! Abs!
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