terça-feira, 2 de junho de 2009

O amanhã foi outro dia.

Alguns dias se passaram e minha fonte continua seca.
Penso demais e escrevo pouco.
O meu relógio não faz barulho, deve estar quebrado. Não tem tic tac tic tac tic tac para rimar com as teclas da máquina de escrever; esse marcador de tempo inutil não me inspira nada - meu relógio é digital, by the way.
Um relógio cuco com ponteiros gigantes, pontudos como uma adaga, quiçá até afiados por um ferreiro japonês viriam a calhar; poderia passar meus dias esperando o passarinho cuco aparecer, rir da minha cara e sumir para rir no dia seguinte. Poderia esperá-lo o dia inteiro para esticar os braços alvos e com olhar súplice gritar: "amigo, não se vá", mas isso é coisa de personagem deprimente, esfaimado e perdido numa Londres fria como a hodierna São Paulo . São Paulo antigamente em dias chuvosos era ao menos acalentadora. Vejam, ainda a amo mas não me reconheço mais em teus olhos e não me sinto bem vindo em teu ventre. Que merda aconteceu?
Tergiversação.
Meus amigos passam por mim e repetem as palavras da minha avó. Eu ouço Roberto Piva falar da praça Alvares de Azevedo antes de dormir e sonho em criar personagens Dostoievskianamente Mirisolianos. Minha criatividade se limita a sakê e peidos com cheiro de pipoca doce - feita no microondas (vide post abaixo). Brigo comigo mesmo por não fazer a barba, por sorrir e por tentar fundamentar que os ET´s fizeram arte com o avião da Air France; as pessoas riem de mim e de minhas palavras. O R-i-s-o. O Bozo cheirava cocaina e eu choro quando ouço Pagliacci.
Boa noite meus amigos.
Amanhã eu volto a escrever meu livro.

Um comentário:

Massahiro disse...

E tu diz que tá sem idéias? Que a fonte secou?
Parece que a terra lixiviosa(acho que era esse o nome) do seu jardim acumulou tanta água que está subindo pelo seu cerébro em abundancia. Um vazamento do qual você mesmo não percebe.
Narrou o seu dia, a sua frustração e melancolia. A busca pelo desejo desconhecido que o impulsiona por estradas sombrias, tão sinuosas e beiradas por precipícios; mas com as trevas nada se vê, mesmo assim você continua andando. Sem saber, você nunca caiu por nenhum precipício.