sábado, 25 de dezembro de 2010

Manoel de Barros

Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões
Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior que o mundo
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos como as boas moscas
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios

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