segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Vidas - Arthur Rimbaud

II

Sou um inventor cujos méritos diferem de todos os que me precederam; de fato, um músico, que encontrou algo assim como a clave do amor. No momento, fidalgo de campo estéril e céu austero, procuro comover-me com a recordação da infância mendicante, o aprendizado ou a chegada canhestra, as polêmicas, as cinco ou seis vezes em que me enviuvei, e de certas farras em que minha cabeça forte me impedia de chegar ao diapasão dos companheiros. Não lamento minha antiga parte da alegria divina: o ar sóbrio deste campo estéril alimento bem ativamente meu atroz ceticismo. Mas como tal ceticismo não pode agora ser usado, e como, além disso, me dediquei a um novo desconcerto, - espero tornar-me um louco muito mau.

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