quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ode ao Anjo Caído - Para Minha Donzela del Tijuca

Eu vejo um coração apertado num espírito sem tamanho; a alma voa em turbilhões de poeira, cansaço e perguntas sem respostas. Ela pensa em desistir mil vezes por segundo, deixa que a aflição lhe atinja como uma onda de acrílico; não pede socorro, não pede ajuda. O coração não sente a mesma ansiedade que faz tremer os ossos, a biologia não conhece o seu corpo, que reage conforme o vento que sopra do sul, ou será do leste, ou do oeste, ou de onde quer que o seja que o vento nasça. Que me me importa! eu tenho medo, ela diz. Eu me sento, ela se levanta, eu me contraio como um caramujo, como areia movediça; enquanto dimiuo ela arranca forças das raízes luminosas do universo e se expande. O medo que andava de mãos dadas com a angústia deu forças à liberdade, e agora a liberdade rompe seus grilhões de polvilho, grilhões de plumas velhas. Ela se levanta. Para minha estupefação, ela se levanta como uma Deusa, uma divindade, ela aponta seus dedos brilhantes para mim. Toca meu rosto. Os papéis se invertem. Sou eu que peço ajuda e rezo salmos inauditos, sou eu que tremo e derrubo meu chão com um golpe violento, sou eu que choro sem razão. Sou eu que não vejo a luz da tua presença. A tua luz azul; a tua luz verde; a tua luz de vogais e de esperanças, de sonhos realizados. A tua presença.
Te admiro como se admira uma pétala rara de uma rosa multicolorida, todas as matizes lindas do universo. Converso com a tua alma em busca de segurança no teu hálito, eu caminho para te alcançar sempre. Sigo a tua luz e sigo, com passos rápidos para não perder nenhum do teu instante de regozijo infinito.

Infinito, 23 de setembro de 2009.

R.B.

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