segunda-feira, 20 de junho de 2011

Fica Bem

Os corredores do meu peito estão desertos, pilastras, bustos, carpetes das nossas fotografias, para a lente míope da câmera sem foco.
Não tenho coragem mais de me levantar, nem para pegar um copo d´água na cozinho; pode ser que eu tope com algo seu, você em forma de qualquer coisa, sei lá se antes de sair deu para se despetalar inteira, trocando todos os cheiros por seus cheiros, todos os cantos por seu canto, suave, em dó menor.
Os livros, você levou, as dedicatórias e as juras espatifam-se no chão da sala. Penso em ruas, rezas, recados derradeiros na caixa de remédios, mas lá só tem um Fica bem qualquer, daqueles que se diz depois de mil despedidas, mil lágrimas batidas, mil cupidos desenganados sem saber o que dizer na janela do meu quarto.
Fica bem que foi engano do sol, seu astro reluzente queimando outros lençóis, seus pés pelas manhãs guiados para outros chinelos, outras camisas.
Os corredores do meu peito, se quiser, são para você dançar com aquelas pantufas que você adora.
Os corredores do meu, são milhões de avenidas para você cruzar e dormir entediada com a paisagem, os mesmos lamentos rolando, rolando, rolando na paciência do rádio.
Estou com aquela camiseta que usava para dormir. Me perguntava fez ou outra, manhosa Fica bem?
Fica bem
E por isso não movo, não arredo o coração, não tenho gana de sair e dar com sei lá o que de você nos corredores do meu peito e ressuscitar uma sombra de beijo, com goticulas de saliva e um pequeno recado:
Fica bem.

R.B.

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