terça-feira, 14 de junho de 2011

Folia


Os cachorros dos meus cinco anos brincam com a bola do tempo na porta do meu quarto, minhas professoras ululuam com tocos de giz, apagadores carecas e jalecos manchados pelos quatro cantos casa.
Ouço o estalar do chão, o chiado das unhas pintando o taco de madeira nova, os tombos, o latidos contidos para não me incomodar. Sinto o roçar dos dentes brancos, o castanho dos olhos se encontram para uma tarde de folia debaixo do Sol, como se o asfalto fosse grama, como se meu corpo fosse grama.
O tempo roeu o pé da minha cama numa tarde em que me tranquei no banheiro dos fundos para contar minhas histórias aos azulejos desinteressados.
O novelo da minha vida está por um fio infinito, fiapo frágil da eternidade.
Todas as paredes estão trancadas conforme sua vontade e eu estou fadado a ser uma carta qualquer de um baralho viciado, acanhado entre seus doces dedos, ou nos lábios negros dos cachorros, em pedaços.
Os cachorros dos meus cinco anos brincam com a bola do tempo na porta do meu peito.
A lua não está nem aí.

R.B.

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