sexta-feira, 22 de maio de 2009

Basta Saber Onde Procurar

O PIB do Brasil cresceu 6% no primeiro semestre de 2009. Chegou ao patamar de R$ 1,382 trilhão (alguém sabe quantos dígitos tem 1,382 trilhão?).
A taxa SELIC reflete o custo do dinheiro para empréstimos bancários, com base na remuneração dos títulos públicos.
O Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado Federal = Congresso Nacional, capicce?) determinou: a partir de 2010, os investidores em Caderneta de Poupança que movimentarem valor acima de R$ 50.000,00 por mês, deverão declarar a merreca no Imposto de Renda (aquele que a gente sempre paga um trouxa pra fazer em cima da hora). O objetivo é cortar a taxa básica SELIC – lembra dela? A que reflete o custo do dinheiro... (vomita) – e frear o fluxo do capital especulativo das Cadernetas de Poupança do Banco do Brasil.
Pra mim, esse tipo de conhecimento não se enquadrava nem na condição de conversa de boteco; falar de economia em boteco é coisa de virgem ou de cara que anda com calculadora no bolso da frente das calças pra fazer volume. Por sinal, falar de economia devia ser tipo penal, in verbis: “Artigo 6971 – Falar a respeito de economia em lugar público. Pena 10 a 20 de trabalhos forçados na Sibéria. Parágrafo Único. Essa pena será computada em dobro se o interlocutor ignorar que os ouvintes estão dormindo ou não tem um tostão na carteira”. (grifos nossos)
É claro que há uma tolerância quando um economista fala com outro e deixa os demais mortais à vontade para falar da capa da Sexxxy, Buttman, Brasileirinhas e rir das nojeiras que fizeram no último show do Victor e Léo (vexame deles, risos meus).
Esses dados econômicos, aparentemente não tão importantes, no meu humilde “modo de vista”, se limitavam apenas ao título da capa da Veja (que compro apenas para servir de penico pro gato e pro cachorro aqui de casa), aos gracejos do Arnaldo Jabor e à cura prisão de ventre. Caso a prisão de ventre persista, favor procurar um contador.
No entanto, não se enganem senhoras e senhores. São essas informações, especulações, como eles gostam de dizer, que determinam o quão mais pobre ficaremos no final do ano.
Eu tive aula de economia na faculdade, consegui apenas guardar duas coisas: no vai e vem da transação temos o produto líquido – nossos pais que o digam, não é? E a segunda informação importante é: se o professor tenta levar uma aluna para cama enquanto espera que a sala resolva algum problema proposto, é melhor você não importuná-lo com alguma pergunta (“não quero saber se é do trabalho a pergunta” by professor de Economia), pois vai ficar de exame (sem ressentimentos, né Andrézão, você sabe como é. Abraços professor!).
Meu avô dizia que economia inteligente se faz assim: Eu tenho dez reais na carteira, a Playboy custa doze, então, gasto vinte minutos do meu tempo tentando convencer o jornaleiro a me vender apenas a parte da entrevista e as fotos da garota principal, o resto ele pode ficar pras punhetinhas mentais. Tem coisas que somos obrigados a passar pra frente; passo pra vocês o conhecimento do meu avô. De nada e boa sorte.
Às vezes tenho vontade de gritar perguntando “Who the fuck is Dow Jones?”. Minha mulher desvia minha atenção. Vai começar a novela. Fica pra depois.

Assim, descontado o fato que o Adam Smith provavelmente era um gorducho que morava com a sogra, a economia, a contabilidade e a calculadora científica são criações cuja utilidade se limita a demonstrar a parca quantia desse negócio chamado dinheiro você tem (há períodos em que a gente só vê dinheiro escrito no jornal ou ouve saindo da boca dos outros, sem uma moeda na carteira) e quantos séculos terá que trabalhar para comprar aquele carro que o seu vizinho tenta vender “à preço de banana”. Por sinal, a dúzia da banana custa três reais, quando eu acompanhava minha mãe na feira era um e cinqüenta; no entanto, diz meu avô, a dúzia chegou a custar centavos. Peguemos nossas calculadoras, façamos os cálculos. Não importa o número que aparecer na telinha, a resposta é sempre a mesma: Está fodido e pode começar a preencher o formulário pro cartão de crédito e preparar o pedido de liminar pra tirar o nome do SERASA.
Pra alguns problemas mais humanos os economistas não arranjaram solução. Mantêm o discurso batido (com muito gelo e limão) de que “basta gastar menos”. Eu digo que basta viver menos, transar menos, ler menos, estudar menos e correr pra entrar na fila do bolsa-família; com isso além da grana você consegue o benefício pra transar mais, pois quanto mais filho, mais benefício.
Deus definitivamente não é economista e, se for não é dos melhores. Deve ter havido algum erro de cálculo. Não se produz mais do que se pode vender. Ele vendeu muito mais almas do que pôde sustentar. Quem dá bolsa-família pra Deus? O Diabo? Isso dá processo. Ação declaratória de impossibilidade de salvar a terra, cumulada com todo mundo explodido e, obviamente, danos morais. Um processo custoso, honorários astronômicos, ou seja: um puta negócio. No inferno, a fila de escritórios de advocacia que se matam para tentar cuidar de uns casos do Diabo é tão grande que dá quatro voltas em toda a terra. No céu, até onde eu sei, não tem um advogado. Economista tem Deus, que fez curso à distância.
Todo domingo eu rezo, olhando pra minha mulher – gato dormindo no seu pescoço, sempre – com lágrimas nos olhos, pra ver se Deus nos dá uma bela dor de barriga para que possamos faltar no trabalho e jogar Wii o dia inteiro. Daí poderemos nos esbaldar no sangue de boi, coxinhas, esfihas de quejo, saquê barato no jantar, com miojo e salsicha, catchup Heinz. Mais um pouco de Wii pra não cair no ostracismo. Bebedeira, sorriso na cara e carta do SPC na geladeira, presa por um imã em formato de abacaxi. Acho que pedir para Deus me conceder a oportunidade de ser um fodido pelo menos uma vez na vida é bem razoável, porque ser fodido todo dia vem sendo muito complicado. Amém.

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